O que é o Baby-Led Weaning (BLW)?

O Baby-Led Weaning (BLW) é um método alternativo para a introdução alimentar que foi criado em 2001 por Gill Rapley, uma enfermeira-parteira britânica. Embora já tenha mais de 20 anos de história, foi apenas recentemente que começou a ganhar destaque em Portugal.

 

Mas, afinal, o que é o BLW e o que o distingue do método tradicional?

Como o próprio nome indica, o Baby-Led Weaning coloca o bebé no controle da sua alimentação. Em vez de ser alimentado por um adulto, com sopas e papas, o bebé aprende a usar as próprias mãos para se alimentar, criando uma experiência mais independente e ativa.
No BLW, é o bebé quem decide a quantidade de comida que come, enquanto os pais devem garantir que os alimentos oferecidos são nutritivos, preparados de forma apropriada e servidos num ambiente tranquilo. Idealmente as refeições acontecem em conjunto com a família, e o bebé tem o seu espaço à mesa, recebendo alimentos adaptados em tamanho, formato e textura para facilitar a pega e mastigação – os famosos “finger foods”.

 

Quais as vantagens?

Este método traz diversos benefícios para o desenvolvimento do bebé, como incentivar a autonomia, proporcionar uma experiência sensorial rica (com diferentes texturas, sabores e temperaturas), estimular a coordenação motora (olhos-mãos-boca), e ajudar a criança a reconhecer e respeitar os sinais naturais de fome e saciedade. Além disso, contribui para o estímulo da aprendizagem da mastigação e ampliação dos sabores que conhece.

 

Quais as desvantagens?

Os pais devem estar bem informados sobre como aplicar os princípios do BLW de maneira segura e nutricionalmente adequada.
Sem a devida orientação, podem haver riscos relacionados à ingestão insuficiente de nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento, como ferro e zinco, e até problemas com a ingestão de calorias e proteínas.
O desconhecimento das texturas e cortes mais seguros a cada fase da introdução alimentar aumenta o risco de episódios de engasgamento, contudo também o atraso na evolução de texturas aumenta o risco de episódios de engasgo no futuro (devido à falta de familiarização com sólidos). É muito importante garantir que os alimentos oferecidos tenham o formato seguro para o bebé. Sabias que numa fase inicial (6-9 meses) quanto maior for o alimento, mais seguro será para o bebé? A partir dos 9-10 meses, já podemos começar a introduzir pedaços mais pequeninos, pois nesta fase a maioria dos bebés já atingiu o desenvolvimento neurológico e de motricidade necessários para gerir pequenos pedaços de alimentos com as mãos e ao nível da mastigação.

 

O meu bebé ainda não tem dentes, posso oferecer alimentos em pedaços?

Sim! Os bebés não precisam de dentes para comer alimentos em pedaços, desde que estes sejam preparados de forma segura e apropriada para a sua capacidade mastigatória. Inicialmente a mastigação do bebé é muito simples: amassa os alimentos com as gengivas duras e esmaga-os entre a língua e o céu da boca. Mesmo sem dentes, as gengivas são duras e fortes o suficiente para amassar alimentos macios, como frutas e vegetais cozidos. Segundo o Center for Disease Control and Prevention (CDC, 2024) alguns alimentos, como milho, frutos oleaginosos inteiros (amendoim, amêndoa, caju, etc), frutas e vegetais duros (p ex maçã cru, mirtilos inteiros, cenoura crua), pipocas, ossos, espinhas, sementes, pão ou
pedaços duros de carne devem ser evitados ou transformados para um formato seguro, pois oferecem um risco maior de engasgamento. Certifiquem-se sempre de que os alimentos oferecidos estão adequados à idade e capacidade do bebé para manipulá-los de forma segura.

 

Qual é o melhor método de introdução alimentar?

O BLW ajuda mais no desenvolvimento do bebé do que o método tradicional? O método tradicional é mais seguro do que o BLW? Depende!

Ambos os métodos têm os seus prós e contras, por isso o mais importante é mesmo não colocarem em cima de vocês a pressão de escolher um dos dois. Mais importante do que oferecer purés ou pedaços é evoluir gradualmente a textura para garantirmos que o bebé recebe os estímulos adequados para treinar a sua mastigação.

Cada bebé tem necessidades e preferências únicas: alguns adoram explorar a comida com as mãos, outros ainda não estão prontos para a tarefa de auto-alimentação e preferem ser alimentados pelos pais. O melhor conselho que vos posso dar é para não rotularem a introdução alimentar do vosso bebé de uma forma rígida. Na verdade, a alimentação pode ser mais prazerosa e enriquecedora quando feita de forma flexível, sem pressões, acompanhando o ritmo e as necessidades do bebé à medida que se desenvolve!

 

 

Fontes: Cameron SL, Taylor RW, Heath AL. Development and pilot testing of Baby-Led Introduction to SolidS–a version of Baby-Led Weaning modifi ed to address concerns about iron defi ciency, growth faltering and choking. BMC Pediatr. 2015 Aug 26;15:99. doi: 10.1186/s12887-015-0422-8. PMID: 26306667; PMCID: PMC4549838.
Correia L, Sousa AR, Capitão C, Pedro AR. Complementary feeding approaches and risk of choking: A systematic review. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2024 Nov;79(5):934-942. doi: 10.1002/jpn3.12298. Epub 2024 Jun 27. PMID: 38937992.
Daniels L, Heath AL, Williams SM, Cameron SL, Fleming EA, Taylor BJ, Wheeler BJ, Gibson RS, Taylor RW. Baby-Led Introduction to SolidS (BLISS) study: a randomised controlled trial of a baby-led approach to complementary feeding. BMC Pediatr. 2015 Nov 12;15:179. doi: 10.1186/s12887-015-0491-8. PMID: 26563757; PMCID: PMC4643507.
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Bárbara Flores Martins | CP Nutricionista 5698N

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